A inspiração para a Campanha “Um Natal na Floresta” surgiu durante os Primeiros Jogos mundiais dos Povos Indígenas em Palmas no Tocantins – um momento histórico e, certamente, um dos eventos mais extraordinários já realizados no Brasil, não somente pela sua beleza mas pelo seu significado.
A força da floresta e a unidade na diversidade se revelavam a todo o momento. A exuberância de cada aldeia brasileira se potencializava diante das outras e diante dos representantes dos demais países, entre eles os mongóis, os maoris da Nova Zelândia, os etíopes, os canadenses e os americanos. Plumas multicoloridas, trajes fabulosos e cocares deslumbrantes eram portados como coroas dos reinos da natureza.
Minha observação dos temas tratados na Oca da Sabedoria e a fabulosa experiência de poder observar os indígenas interagindo nas redes sociais e pesquisando assuntos no Google na Oca Digital amadureceram a idéia para essa Campanha que começou a se formatar na conversa com um indígena de 17 anos chamado Tserenhoe da Aldeia Xavante São Marcos em Barra do Garças, Mato Grosso.
A Campanha “Um Natal na Floresta” começou então a fluir em meio a muitas idéias, como a de realizar, com a permissão do seu Cacique com o qual já conversei, uma Ceia de Natal na floresta, e levar presentes: brinquedos, cadernos, lápis de cor e papéis para desenho, cobertores, redes, shorts, bikinis, cortes de tecidos de algodão para fazer vestimentas, livros para montar ma biblioteca. Inclusive com livros sobre a cultura indígena no Brasil e no mundo, livros com registros fotográficos de outros lugares do Brasil, um computador e uma impressora.
Imediatamente, alguns amigos e empresas amigas expressaram o desejo de colaborar, entre eles a Gollog Rio de Janeiro, Cristina Oldenburg do Instituto Oldenburg, Mariah Beraba do Mariah Terra, Vivi Abtibol da Elle et Lui, Ana Carolina Vilela da Lucci, Sharon Azulay da Blue Man, a Professora Vânia Vieira, entre outros.
A idéia é ainda levar para a aldeia o conceito da Oca Digital que foi construída para os Primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Uma Oca Educacional Digital seria construída pelos indígenas, com materiais da floresta e nos moldes das suas ocas e abrigaria a biblioteca, o computador e a impressora.
Também idealizei o preparo de uma pequena brochura que contenha as principais palavras do dia a dia na língua Xavante com a correspondência em português e em inglês, além de palavras chave para pesquisa na web e também um video com essas palavras sendo pronunciadas por um Xavante em sua língua, em português e em inglês. Alguns escritores amigos já estão doando seus livros com dedicatórias para a aldeia, entre eles Eunice Antunes Maciel, Manoel Arthur Villaboim, Anna Maria Tasso Bragança.
A Campanha “Um Natal na Floresta” se iniciaria na Aldeia Xavante São Marcos em Barra do Garças em 2015 e a cada ano aconteceria em uma aldeia diferente ou em mais de uma delas percorrendo todos os estados do Brasil. O sonho é a possibilidade de um dia chegar ao mesmo tempo a todas as aldeias que já tivessem suas Ocas Digitais, conectando-os numa corrente verde digital indígena – uma confraternização da essência humana mais simples e ao mesmo tempo mais complexa, uma vez que a união de culturas pressupõe a união de vários de seus aspectos.