Matéria O Globo caderno Ela Tereza Xavier transforma bolsas feitas por etnia indígena da Amazônia em joias”.
Estilo Xavante na Moda Carioca
Para as mulheres da tribo Xavante da aldeia São Marcos, no município de Barra do Garças, no Mato Grosso, os cestos de palha de buriti servem para guardar tudo o que há de mais valioso. Tanto é assim que os bebês dormem neles quando são bem pequeninos. Há cerca de um mês, desde que chegaram à loja da joalheira Tereza Xavier, no Copacabana Palace, são tratados como joias. São peças únicas, numeradas, personalizadas com pérolas, esmeraldas, turquesas e olhos gregos.
– Essas bolsas têm simplicidade harmônica. Na sua confecção, as índias mantêm as folhas da palmeira inteiras. As bolsas assumem naturalmente a exata forma do Vesica Piscis, o Receptáculo do Peixe, padrão principal do símbolo Flor da Vida, emblema da Geometria Sagrada e que está também no logo da minha marca, criada há 21 anos. É ousado e gratificante trazer a simplicidade da natureza para o mercado de luxo. O meu olhar para palhas indígenas, sementes e algodão sempre foi tão entusiasmado como o meu olhar para diamantes e pérolas – diz Tereza.
As Xavantes dão às bolsas com tampa o nome de “abamére”. As sem tampa, que conduzem os bebês, são chamadas de “si’onõ”. Em geral, todas são “baquités”. Tereza lembra que o seu primeiro contato com os índios desta tribo foi exatamente há um ano, quando esteve em Palmas, capital de Tocantins, para os Primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas 2015.
– Conversei com uns rapazes que pediram doações de roupas e brinquedos usados para as crianças da aldeia. De volta ao Rio, depois de uma campanha de 12 dias nas redes sociais abraçada por meus amigos, conseguimos uma tonelada de doações. A Gol levou tudo até Goiânia. Depois, foram mais 18 horas de carro.
Numa linda homenagem, conheci as bolsas.
Tereza diz que sempre foi fascinada pela cultura indígena. Há mais de 25 anos, começou a visitar várias tribos na Amazônia com a orientação de um grande amigo, o indigenista José Américo Peret.
– Há 21 anos, abri a loja e trouxe para o universo da Alta Joalheria um novo conceito de joia, com matérias primas da Floresta Amazônica utilizadas pelos indígenas para confeccionar seus adornos e com o conceito da joia Talismã, como eram usados os adornos na Antiguidade.
Hoje, temos artesãs confeccionando peças para a joalheria em todo o Brasil e ficamos muito felizes de saber que colaboramos para que tenham melhores condições de vida. Firmamos antigas e novas parcerias com inúmeras etnias – diz Tereza, que já teve suas peças usadas por celebridades como Madonna e Elton John.